A evolução em direção a valores espirituais
Tudo indica que existe uma certa hierarquia "natural" de valores. Quem muito insistiu sobre esta hierarquia foi Abraham Maslow, que afirma que estes valores ou "metamotivos" correspondem a uma necessidade cuja insatisfação e carência são tão ou mais danosas do que a carência de vitaminas. Mesmo os que negam esta hierarquia organizada reconhecem certa intencionalidade evolutiva. Eis o que afirma, por exemplo, Boulding:
"Não há, é óbvio, nenhum conjunto organizado de valores humanos, e cada ser humano possui o seu conjunto próprio. No entanto, há processos na integração ecológica ou social pelos quais estes valores diferentes, embora não reduzidos a um conjunto, estão pelo menos coordenados num processo evolutivo progressivo." (Boulding, K. Ε., Ecodynamics. London, Sage, 1978, Cit. in Encyclopedia of World Problems. Op. cit. XV.)
Nilton Rokeach, conservando um ponto de vista puramente experimental, reconhece também que se observa a longo prazo a mudança de valores nos seres humanos. Eles vão em direção a um "aumento muito mais do que a uma diminuição na importância de quatro valores em particular: igualdade, liberdade, um mundo de beleza e autocontrole". (Op. cit. p. 328.)
Ora, é no Oriente que encontramos uma escala evolutiva e um mapa bastante coerente e ligado a um sistema e conhecimento profundo da energética humana e cósmica que permite jogar luz sobre a confusão em que entrou a nossa filosofia ocidental a respeito da questão de valores.
Trata-se dos "chakras" ou centros energéticos. Chakra significa roda em sânscrito e designa entroncamentos de vias energéticas; estas vias fazem parte de um sistema energético sutil ligado ao sistema cérebro-espinhal mas que não deve ser confundido com este. Os pontos de acupuntura fazem parte do mesmo sistema.
Segundo a Yoga, existem milhares destes entroncamentos, mas podem se destacar sete principais, pois a cada um corresponde uma das grandes funções psicossomáticas, psíquicas, enfim, espirituais do homem.
Trata-se de uma ciência complexa; só podemos aqui dar alguns elementos essenciais no que se refere ao sistema de valores que lhe é inerente. (Para maiores informações, ver: Pierre Weil, Fronteira da Evolução e da Morte. Ed. Vozes, Petrópolis, 1983.)
Convém frisar desde logo que se trata de um sistema integrado, holístico [católico], logo não-fragmentado. Cada metade de chakra "contém" a representação dos seis outros, numa interação constante.
A cada um dos chakras correspondem valores construtivos e valores destrutivos, entre os quais o homem, uma vez consciente das suas motivações (ou karma), pode escolher a cada ato da sua existência diária.
Eis a lista dos centros energéticos:
1. SEGURANÇA
2. SENSUALIDADE
3. PODER
4. AMOR
5. INSPIRAÇÃO
6. CONHECIMENTO
7. TRANSPESSOAL
Os três primeiros já foram definidos anteriormente. Como o mostramos, eles representam necessidades básicas; quando exacerbados, são, no entanto, a base do que chamamos de "EGO", levando ao egoísmo, barreira e obstáculo a toda e qualquer evolução. Mesmo assim, há uma abertura para maior sociabilidade, indo do primeiro ao terceiro.
O quarto chakra se refere às formas altruístas do Amor, ao fato de querer a felicidade de todos os seres do universo. Não deve ser confundido com o segundo.
O quinto chakra tem ligação com a criatividade, com o verbo, a fala e a inspiração poética.
O sexto chakra lida com o conhecimento da verdade; ele integra não somente o conhecimento intelectual mas também o conhecimento intuitivo e a percepção extra-sensorial, isto é, os lados direito e esquerdo do cérebro, assim como as funções ligadas à glândula pineal.
O sétimo chakra tem relação com estados de consciência em que desaparece toda espécie de dualidade, mais particularmente a separatividade sujeito-objeto. É o estado transpessoal, conhecido nas tradições espirituais como êxtase, estado místico, nirvana, samadhi, reino do pai, consciência cósmica, etc.
Quanto mais perto as pessoas se aproximam deste estado de consciência através de experiências culminantes, mais elas despertam para valores como a beleza, a plenitude, a verdade e o amor.
QUADRO SINÓTICO Nº 1
O Quadro Sinótico nº 1 dá os valores correspondentes a cada centro energético. Para cada um encontramos também alguns exemplos de comportamentos destrutivos e construtivos.
.:.
Excerto de Weil, Pierre. Organizações e tecnologias para o Terceiro Milênio: a nova cultura organizacional holística. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2. ed. 1992. pp. 27-30
ISBN 85-85363-28-2
Comentários